Olá queridos colegas e leitores do blog!
Pra quem não me conhece quem os escreve é Rhaylson, estudante do 5º período de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do IFPI, agora, bolsista do Ciência sem fronteiras Espanha. Irei passar um ano estudando Ingeniería Informática en TI na UMH (Universidade Miguel Hernández de Elche), o campus do meu curso fica na cidade de Orihuela, cidade calma e cheia de monumentos históricos. Se não me engano Orihuela possui 5 patrimônios históricos da Espanha.
Orihuela
Sai de Teresina no dia 02/09 e cheguei aqui na Espanha dia 05/09, vocês podem se perguntar porque tanto tempo? Mas foi devido ao fato de meu voo internacional ter início em Salvador e não em Teresina, logo tive que passar uma noite em Salvador para viajar no dia seguinte. A viajem pra cá (Espanha) foi bem tranquila, pelo menos dentro do avião, porque fora não posso dizer a mesma coisa.
Nesse post falarei de como foi a viagem e das experiências e dificuldades encontradas nessa minha vinda ao velho continente.
O visto e a Imigração
Quando fazemos viagens desse tipo, onde você passará uma estância em outro país superior a 3 meses é necessário tirar o visto, documento que prova que não está entrando ilegalmente no país e que lhe dará permissão para cruzar fronteiras e passar pela imigração. Meu visto espanhol saiu até que bem rápido, 30 dias no total e me dá permissão para entrar em todos os países do que participam do chamado
acordo schengen. A primeira coisa que você deve fazer quando desembarca em solo europeu é entrar na fila de conferência de passaporte. Existem duas, uma para cidadães europeus e outra para estrangeiros. Lá o policial da fronteira pede seu passaporte e faz algumas perguntas sobre o que você veio fazer e se for uma conexão em um país diferente do destino final, que foi meu caso, desembarquei na Alemanha, pode ser necessário mostrar a passagem que comprove que você terá como chegar em seu destino. Se tiver tudo ok, o policial carimba seu visto e você pode seguir o seu caminho.
Falando um pouco de como foi esse processo pra mim. Confesso que fiquei totalmente perdido e teve horas que batia uma vontade de voltar pro Brasil. Fiquei pensando sozinho num canto: Meu Deus o que é que eu estou fazendo aqui tão longe de casa, sem conhecer ninguém, sem entender nada do que as pessoas falam.
Desembarquei no aeroporto de Frankfurt, 2º maior aeroporto da Europa lá iria passar 14 horas de muito aperreio e desconforto. Passar pela imigração era algo que era obrigatório, porém o que fazer se você não entende o que o policial tá falando? Resposta, balança a cabeça e pede pra ele anotar em um papel tudo o que ele tava querendo dizer. Eu fiz isso, pois consigo ler inglês, só não consigo entender quando falam algo. O policial até que era gente boa e foi bem relax. Ele apenas pediu pra ver minha passagem pra Alicante e daí carimbou meu passaporte. Engraçado que ele percebendo que eu estava bastante perdido e que era brasileiro se despediu falando "Obrigado", meio enrolado claro, eu falei de nada e segui meu caminho atrás das minhas malas.
Alemanha, e agora, cadê as malas?
Mapa do Aeroporto de Frankfurt
Como citei logo acima o aeroporto de Frankfurt é muito grande! Pra se ter uma ideia pra se deslocar dentro dele existe um metro onde você pode ir de um terminal para o outro sem pagar nada. Bem, passada a imigração, agora era hora de procurar as malas, pois na Alemanha tinha que trocar de companhia de viajem, sendo necessário fazer outro check-in. Minhas malas não foram direto pra Alicante. Olho para as placas e estão em alemão, ótimo, aí percebo que também tem uma pequena tradução logo abaixo em inglês, isso já me deu um alívio.
Sigo as placas de desembarque e vou indo, indo até que vejo que já estou é na saída do aeroporto, e que não tinha mais nenhuma placa informando onde estava a mala. Volto tudo desde o início novamente e sigo as placas, percebo que as esteiras eram no sub-solo do aeroporto e que tinha passado pela escada sem ver.
Desço a escada e entro em um enorme salão com cerca de 40 esteiras. Saio procurando um painel de informação, porém não encontro, aí percebo que no final das esteiras tinha um rapaz de uma companhia sentado em um balcão de informação. Chego pra ele e pergunto se ele poderia me informar onde estavam as bagagens da TAM e ele me olha com uma cara bastante fechada e aponta para as esteiras dizendo que minha bagagem estava em alguma delas. Ele abaixa a cabeça e acaba o papo. Me vi sozinho e sem informação e fiquei andando de um lado pro outro do imenso salão procurando minha mala, quando vi que tinha um painel, bem escondido no imenso saguão, dizendo que minha bagagem tava na esteira 20. Sai correndo feito um doido, pois já fazia mais de uma hora que tinha desembarcado e temia que minha bagagem fosse levada para outro local.
Chego na esteira 20 e tava lá só minha mala rodando. Pego ela muito feliz e parto a procura do balcão da minha outra companhia aérea, Air Berlim. Só que eu estava no terminal 1 e o balcão da companhia era no 2. Subo a escada até o térreo e dou de cara com um complexo com mais de 200 balcões de companhias aéreas. Saio olhando de uma por uma se alguma era a Air Berlim, porém depois de dar 3 voltas sem sucesso decido ir no balcão de informação perguntar onde era a bendita companhia.
O rapaz que me atendeu era um senhor de meia idade, ele não falava espanhol, porém conseguiu entender que eu estava tentando chegar a Air Berlim. Dou pra ele um papel para que possa escrever as informações. Ele escreve bem grande Air Berlim, terminal 2, e diz que tenho que subir uma escada para chegar ao terminal. Subo as escadas e dou de cara com um metro dentro do aeroporto, com várias pessoas entrando. Pensei que o rapaz tinha me ensinado errado e que se pegasse o metrô iria sair de dentro do aeroporto, desço as escadas novamente pensando que tinha pego o caminho errado, porém percebo que estava correto e que devia mesmo pegar o trem. Subi novamente e perguntei pra funcionária do metrô se precisava pagar algo, ela, disse que não, era só entrar e esperar chegar no terminal.
Entrei no metrô bem receoso e me perguntando, como assim, não precisa pagar nada? O metrô era tipo externo e a visão era linda! Atravessei todo o aeroporto em menos de 5 minutos e finalmente cheguei ao terminal 2. Quando saio do trem vejo novamente vários balcões de companhias aéreas, porém dessa vez foi bem fácil encontrar o balcão da airBerlim. Chego no balcão para despachar a mala e descubro que não posso e que teria que ficar esperando lá até as 02:30 da manhã, isso era desanimador, pois ainda era 11:00 da manhã.
Sento em uma cadeira morrendo de fome e de sede e começo a ouvir diversos idiomas ao mesmo tempo. Eram árabes, alemães, espanhóis, chineses, japoneses todos falando ao mesmo tempo, só que ninguém falava português. Estava só e queria voltar para o Brasil! Porém fui forte e pensei comigo que daqui a 10 horas estaria na Espanha e que seria mais tranquilo, faltava pouco pra acabar aquele sofrimento. Busquei algum lugar para comprar água, encontrei uma lojinha onde o litro custava 5 euros. Na hora de pagar dei 10 euros, porém a atendente me devolveu o troco errado. Não consegui explicar pra ela e ficou por isso mesmo.
Sentei em um local e lá fiquei durante 8 horas, a espera de alguém para fazer o check-in e despachar a bagagem. O interessante daqui é que aqui só anoitece as 20:00 - 20:30 da noite e eu achando que o tempo não tava passando e como andava sem relógio não tinha como saber que horas era. Me espanto quando vejo em um relógio por trás do saguão que já eram 21:30. Quanto mais o tempo passava menos movimentado ficava o aeroporto e teve horas que restava apenas eu e os guardas naquela imensidão. Quando anoiteceu de verdade o tempo começou a esfriar. Eu, vivendo em Teresina onde a mínima chega ao máximo a 20º graus tive que enfrentar um frio de 10º graus, sorte minha que andava com casacos.
As 02:30 em ponto chegou o pessoal da companhia e até que enfim podia sair do saguão e ir para a sala de embarque. A sala de embarque era muito fria, pois além do frio que tava fazendo do lado de fora, eles gostam do ar condicionado no máximo, o jeito foi colocar mais um casaco. Quando me chamaram pra embarcar para Alicante já eram 04:00 da manhã e eu estava com muito sono, pois não tinha conseguido dormir na viagem do Brasil pra Alemanha.
Ao entrar no avião percebo que as aeromoças atendiam em alemão, eu apenas sentei na minha poltrona e dormi sem ver, acordei quando o piloto disse que a aeronave estava se preparando para chegar a Alicante. O aeroporto de Alicante era pequeno comparado ao da Alemanha. Consegui desembarcar e encontrar as bagagens sem nenhuma dificuldade e também conseguia ler todas as placas e informações.
Peguei minha mala e fui para a saída, chegando lá o rapaz da residência universitária me esperava. Ele me cumprimentou e perguntou se a viagem tinha sido boa, mas acho que ele viu o estado que me encontrava e percebeu que a viagem não tinha sido das melhores. Luís pegou minha mala e levou até a Mercedez dele, dizendo que quando eu chegasse em casa poderia descansar e que já tinha mais de 10 brasileiros na residência. Isso me encheu de alegria, pois finalmente poderia desabafar pra alguém tudo o que eu tinha passado.
Cheguei na residência as 09:00 da manhã do dia 05/09. A minha espera estavam vários brasileiros, como Luís tinha dito, que me deram a maior força, porém o que mais queria era tomar banho e dormir. A responsável pela residência me apresentou meu colega de quarto e disse que a cama estava pronta pra mim. Ouvindo isso tomei banho e depois fui dormir, só acordei as 18:00 do mesmo dia.
Acordei quase na hora do jantar, que aqui é bastante diferente do Brasil, não comemos arroz com feijão e carne de boi é coisa bastante rara e cara. Aqui tudo tem azeite, desde a salada até o macarrão, ainda estou me acostumando.
Nos próximos posts falarei um pouco da cidade onde estou e também da cultura daqui e das pessoas. Estou bastante feliz aqui. Minhas aulas de espanhol começam amanhã dia 10/09, os manterei informados de tudo que acontece aqui.
¡ Hasta luego!